Brasília – O desmatamento na Amazônia entre fevereiro e abril foi responsável pela perda de uma área de pelo menos 197 quilômetros quadrados (km²) de florestas, de acordo com relatório do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgado hoje (2) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, por causa da alta cobertura de nuvens na região no período, o instituto reconhece que a “representatividade da análise é reduzida”, ou seja, a devastação pode ter sido muito maior.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o Inpe registrou 1.992 km² de desmatamento, houve queda de 90%. De acordo com o instituto, por causa das nuvens, os satélites só conseguiram observar cerca de 20% da Amazônia entre fevereiro e abril deste ano.
“O baixo índice de áreas de alerta detectadas deve-se à pouca oportunidade de observação devido à presença de uma extensa cobertura de nuvens sobre a região durante o trimestre, chegando a cobrir mais 88% da região no mês de março”, ressalta o relatório.
A maior parte do desmatamento – 143 km² – foi verificada em fevereiro, quando a cobertura de nuvens era de 80%. Em março, os satélites registraram 17,5 km² e em abril, 36,8 km² de novas áreas devastadas.
Os 197 km² de desmate foram registrados em Mato Grosso, Rondônia, Roraima e no Pará. De acordo com o Inpe, os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Tocantins e Maranhão não foram monitorados devido à alta proporção de cobertura de nuvens no trimestre.
Mato Grosso foi responsável por mais de 56% do desmatamento no período, com 111,8 km² de floresta a menos no estado em três meses. O Pará vem em seguida, com cerca de 25% – 50,9 km². Roraima aparece em terceiro, com 20,9 km² de desmate – 10,6% do total registrado no trimestre.
O Deter mapeia corte raso (derrubada total) e áreas em processo de desmatamento, a chamada degradação progressiva. O sistema serve de alerta para as ações de fiscalização e controle dos órgãos ambientais.
Como os meses analisados fazem parte do período chuvoso da região, o Inpe reuniu os dados em uma base trimestral “para assegurar melhor amostragem e representatividade espacial das análises”. A partir da análise do mês de maio, a divulgação dos alertas voltará a ser feita mensalmente.
Luana Lourenço/AB
Edição: Juliana Andrade/AB