por João Batista Cirilo
A classe médica chega ao cúmulo da insensatez, jogando por terra as concepções de condutas éticas e profissionais da categoria, ao criar “corredor polonês” para xingar e vaiar médicos cubanos que chegaram ao Brasil para participar do programa Mais Médicos, do Governo Federal.
A hostilização, que ganhou destaque nas redes sociais e noticiários ocorreu na última segunda-feira (26), onde cerca de 50 médicos cercaram a Escola de Saúde Pública do Ceará, durante a cerimônia de acolhimento aos 95 médicos estrangeiros, entre eles 79 de Cuba. Na saída, os estrangeiros foram vaiados, xingados e provocados pelos médicos do estado sob gritos de “escravos” e “incompetentes”.
O protesto, organizado pelo Sindicato dos Médicos do Ceará (SIMEC), levou a equipe de segurança da Escola a trancar as portas do prédio, impedindo o acesso dos manifestantes. Após a solenidade, todas as saídas da escola foram cercadas, fazendo com que os médicos estrangeiros e representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde do Estado permaneceram por cerca de meia hora encurralados dentro do local.
Viaturas da Polícia Militar e equipes do Batalhão de Choque foram acionadas para acompanharem a saída dos profissionais. O presidente do sindicato organizador do protesto, de forma ordeira, pediu então que os colegas apenas formassem um ‘corredor' para vaiar os cubanos e as autoridades.
O secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, foi o mais vaiado, chegando a receber ofensas pessoais. Monteiro, classificou a hostilização como “ato de xenofobia”.
Vale lembrar que as entidades médicas brasileiras, famosas por estarem entre as mais influentes e articuladas do país, detentora portanto de um ufanismo exacerbado, vem respondendo daí a pior à estratégia de importação de médicos estrangeiros, anunciada pela Presidente Dilma Rousseff, em 9 de julho.
O presidente do SIMEC acusou ainda o governo federal de estar oficializando o trabalho escravo. Porém, tal fato não intimidou o governo, que cuidadosamente ignora os caprichos da classe médica adotando a tentativa de responder com veemência a onda de protestos que aclamou o país nos últimos meses.
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que os médicos do Ceará participaram de um verdadeiro “corredor polonês” da xenofobia, atacando médicos que vieram de outros países para atender a população daqueles municípios onde nenhum profissional quis fazer atendimento. “Foram atitudes truculentas, incitaram o preconceito e a xenofobia”, disse Padilha.
Contudo, fato que ganhou grande repercussão foram as palavras do médico cubano Juan Hernandez, que negou a acusação de estar realizando um trabalho escravo. Com 24 anos de experiência, o especialista em medicina familiar disse que não estava no país para ganhar muito dinheiro. “Estamos aqui para fazer solidariedade, melhorar as condições de vida da população e melhorar os indicadores de saúde do povo brasileiro”, disse.
© Jarbas Oliveira/Folhapress
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