Balneário Camboriú – A Primeira Conferência Nacional de Segurança Pública, etapa Santa Catarina, realizada nesta terça-feira, 9, em Balneário Camboriú, contou com cerca de 200 participantes. Os organizadores comemoraram os resultados, considerados por eles positivos. A Prefeitura Municipal da cidade apoiou o evento.
De acordo com o coronel Ubirajara Corrêa Lemes, membro da comissão da organização estadual, Balneário Camboriú foi umas das cidades catarinenses, que mais apresentou número de participantes, tanto no período da manhã, quanto o tarde. O oficial revelou que o evento foi um sucesso, destacou ainda, que o resultado da conferência foi quantitativo e qualificativo. Também participaram da organização do evento o Conselho de Desenvolvimento – Condes – e Feconseg – Federação dos Consegs.
Após a abertura do evento, realizada por Matias Fidelis, do Condes, e dos atos solenes, o secretário de Segurança Municipal, Nilson Frederico Probst fez uso da palavra. Mencionou a importância do município participar de uma conferência de abrangência nacional. O secretário destacou ainda, que o prefeito Edson Renato Dias, não estava presente porque cumpria agenda em Brasília, aonde foi buscava recursos para a cidade.
O vice-prefeito Cláudio Dalvesco, representantes de classe, autoridades da Polícia Civil, Polícia Militar, Guarda Municipal de Florianópolis, representantes do Legislativo, comunidade também participaram da conferência.
Experiência
Logo após, o renomado jornalista, Marcos Rolim passou aos participantes sua larga experiência no assunto. Rolim é consultor em segurança pública e direitos humanos. Concebeu e editou o Relatório Azul, o mais amplo relatório em direitos humanos publicado no Brasil. Foi autor da primeira legislação nacional de proteção às testemunhas e às vítimas da violência. Sua militância lhe assegurou inúmeras distinções, entre elas o primeiro Prêmio Unesco em Direitos Humanos no Brasil (1999).
Sua explanação durou cerca de duas horas e contou com a participação dos presentes, que expuseram suas dúvidas e perguntas. Rolim mencionou que encarcerar pessoas não é a solução para os problemas encontrados na área da segurança. Para ele, os trabalhos sociais são os que realmente surtem efeito numa sociedade.
Disse que a maioria do pobre, como ele mesmo destacou; “surpreendentemente”, é honesto. Revelou que os excluídos do Brasil não cometem crimes. O jornalista citou um exemplo, de 100 bandidos que matam, 80 deles passou por fator de risco. Referiu-se a algum tipo de trauma psicológico sofrido em seus lares, decorridos de agressões físicas e até mesmo abuso sexual.
Estudos
Rolim conta ainda, que o Brasil precisa trabalhar com estudos de longo prazo. Citou uma pesquisa de sucesso reconhecida internacionalmente, realizada nos anos 70 em Nova Iorque, aonde 400 gestantes foram assistidas durante todo o período em que estiveram grávidas. Foram divididos dois grupos, da mesma característica socioeconômica. O grupo 1, as famílias foram monitoradas por enfermeiras, até seus filhos completarem dois anos de idade. O grupo 2 não foi assistido. Enquanto o primeiro grupo recebia toda a assistência educacional.
Depois de 15 anos, o estudo foi concluído, as crianças, já adolescentes, que não receberam assistência apresentaram duas vezes mais condenações penais. “Não existe pesquisa deste tipo no Brasil”, conclui o profissional.
Rolim passou outras experiências vividas por ele durante sua palestra. Destacou fatores de riscos e protetivos, que um indivíduo possa enfrentar. Para ele, o ser humano precisa ser integrado na sociedade. Contou que o interessante não é levar projetos educativos até as comunidades carentes, mas sim, trazer estes moradores para perto da sociedade.
GM
Logo após a palestra do jornalista, o secretário Municipal Adjunto de Segurança e Defesa do Cidadão de Florianópolis, Máximo Porto Seleme, expôs suas experiências. Seleme falou sobre a Guarda Municipal – GM. Atualmente, a GM de Florianópolis é a única no estado que utiliza arma de fogo. Balneário Camboriú também poderá ter em breve sua GM.
Seleme destacou a importância da GM na capital e mostrou estatísticas da diminuição da criminalidade após a criação da Guarda. Para o ano de 2017, o profissional acredita que a GM de Florianópolis possa contar com 850 guardas no efetivo. O secretário destacou também, que 95% dos guardas tem nível superior e que 60% tem pós-graduação. Assinalou tamanho desempenho devido ao plano de cargo salarial. Após as explanações do secretário o Subdiretor Dias, que é guarda municipal de carreira passou noções da legislação que os rege e código civil.
O advogado, Valdir de Andrade, representante do Conseg Centro, e também um dos organizadores do evento, comemorou os resultados, classificou o simpósio como sendo “excelente”. Andrade acredita que a conseqüência, dos resultados apresentados no evento deva contribuir com o desenvolvimento da Segurança Pública no Estado.
O secretário Nilson Probst também comemorou, “Conseguimos otimizar o que queríamos, e tivemos a aceitação de entidades classistas, sociedade, e das polícias”, finaliza.
Na parte da tarde, os participantes se reuniram em sete grupos e discutiram diretrizes e gestão, englobados dentro dos assuntos abordados – eixos temáticos. De 27 a 30 de agosto deste ano, a Conferência Nacional de Segurança Pública acontece em Brasília.