por Osmar Ricardo Labes*
Nos últimos dias, a imprensa voltou a abordar o tema “pedágio na BR-470 com uma possível concessão”. Um assunto palpitante e preocupante. A classe empresarial tem a duplicação da rodovia como uma de suas principais bandeiras.
Em nosso entendimento, o pedagiamento só pode ocorrer após a efetivação da obra. Desta forma, se cumpriria promessas amplamente enaltecidas pela mídia. Em diversas ocasiões, ao longo do último ano, lideranças políticas asseguraram que a duplicação ocorreria com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), inclusive havendo destinação já no orçamento de 2009.
É chegado o momento do início do processo de duplicação. A BR-470, em alguns pontos, está saturada. Foi projetada para receber seis mil veículos por dia, mas tem recebido um fluxo diário de 25 mil.
Mais assustador é o número de mortes. Foram registradas 120 em 2008. Nem a Lei Seca – em vigor há sete meses, e o trabalho de manutenção, conservação e recuperação da rodovia – onde se aplicou aproximadamente R$ 60 milhões no ano passado –, fez estes índices diminuírem.
Para nós, empresários do setor de transporte, o ideal seria não se fazer cobrança de pedágio. Já contribuímos com a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e o IPVA. Certamente, teremos que repassar mais esse custo aos nossos clientes.
O transporte rodoviário de cargas convive com uma alta carga tributária, além de estar enfrentando uma defasagem da ordem de 8,43% no preço dos fretes, acumulados em 2008.
Mas se não tivermos outra solução, que pelo menos se estabeleça um pedágio socialmente justo.
* O autor é empresário e presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Santa Catarina (SETCESC)