Florianópolis – Usada amplamente no tratamento contra o câncer, a quimioterapia parece causar aumento de peso nos pacientes. A constatação deste efeito colateral veio com um estudo feito em Florianópolis, envolvendo pessoas dos mais diversos pontos de Santa Catarina.
Desde 2006, nutricionistas acompanham 53 mulheres que operaram tumores malignos nas mamas na Maternidade Carmela Dutra, e concluíram que aquelas que fizeram só radioterapia ou terapia hormonal não engordaram. Já as submetidas à quimioterapia ou à radio associada à quimio ganharam de 2,47 quilos a 5,21 quilos em períodos que variaram de 6 meses a 2 anos.
“Houve quem começou uma atividade física ou mesmo aumentou os exercícios e ainda ganhou peso”, diz Claudia Ambrosi, especialista em Terapia Nutricional e Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina. Seu mestrado foi obtido com apoio da bolsa de estudos concedida pela FAPESC (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina). Por meio do Plano Sul, a FAPESC financia cursos de pós-graduação nas Instituições de Ensino Superior de Santa Catarina.
Outra dissertação de mestrado, também voltada ao câncer de mama, será defendida ainda em 2011 e vai ampliar o estudo para além das fronteiras daquela maternidade florianopolitana, incluindo, por exemplo, o Centro de Pesquisas Oncológicas da capital. Novos elementos foram investigados e o número de mulheres acompanhadas foi ampliado para 66. O objetivo é identificar outros fatores associados ao ganho de peso e verificar que drogas usadas no tratamento quimioterápico contribuem para os quilinhos adicionais.
“A intervenção nutricional com parte desta amostra será objeto de uma terceira pesquisa, que já foi aprovada e recebeu recursos do Programa de Pesquisa para o SUS, também via FAPESC”, anuncia a professora Patrícia Faria Di Pietro. “As pacientes que engordam até procuram mudar seu padrão alimentar e comer de modo saudável. Estão ávidas para receber orientação – ouvem até a vizinha que fala que cogumelo é bom. No fundo, sua maior preocupação é que a doença não volte, muito mais do que evitar o aumento de peso”, acrescenta a Dra. Patrícia, que já orientou 5 trabalhos na UFSC e trabalha com a equipe de mastologia coordenada pelo Dr. Carlos Gilberto Crippa.
Entre eles está a dissertação de Claudia, citada inicialmente, que investigou alterações ocorridas nas medidas corporais e no consumo alimentar durante o tratamento contra câncer de mama. Ela avaliou mulheres com idade entre 33 e 78 anos, antes do início e após o término dos tratamentos. Os resultados do estudo demonstraram aumento significativo nas circunferências da cintura e do quadril de quem passou por quimioterapia, refletido em ganho de peso e maior índice de massa corporal (IMC). “Também constatamos que as mulheres com menos de 50 anos foram as que mais aumentaram seu consumo energético”, explica Claudia, atualmente doutoranda da UFSC e professora de nutrição da FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau).