Cientistas da University College London (UCL) desenvolveram uma ferramenta revolucionária de rastreamento do câncer de mama, capaz de identificar riscos até dez anos antes dos sintomas aparecerem. Este exame de sangue inovador pode alertar as mulheres se seu estilo de vida as coloca em risco de desenvolver câncer de mama, permitindo a adoção de medidas preventivas muito antes que a doença se manifeste.
Como Funciona o Exame
O novo exame de sangue monitora a escala de danos aos genes causados por fatores ambientais, como tabagismo, dieta, consumo de álcool e exposição a substâncias químicas. Este é o primeiro teste a rastrear o câncer de mama não-hereditário, que representa 90% dos casos. Até agora, os testes existentes se baseavam na identificação de DNA de alto risco, que só funcionam em 10% dos casos.
Importância da Descoberta
A descoberta feita pela equipe do Professor Martin Widschwendter da UCL tem potencial para reduzir drasticamente o número de mulheres afetadas pelo câncer de mama. A ferramenta é especialmente útil para mulheres com o gene defeituoso BRCA1, como a atriz Angelina Jolie, que se submeteu a uma mastectomia preventiva em 2013 após exames detectarem mutações genéticas em seu DNA.
A decisão de Angelina Jolie de tornar pública sua cirurgia de retirada das mamas ampliou as discussões sobre o tema e aumentou a procura pelo teste e pelos procedimentos em todo o mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o interesse pelos testes genéticos aumentou 40% no Brasil. Nos EUA, este aumento foi de 65%, chegando a quase 90% no Canadá, conforme avaliações de entidades de pesquisa e saúde após um ano da divulgação do procedimento da atriz.
Mutações nos Genes BRCA1 e BRCA2
As mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que estão associadas a um risco elevado de câncer de mama e ovário, são raras, encontradas em apenas cerca de 2 a 4% das mulheres com a doença. Em portadoras dessas mutações, os riscos de desenvolver câncer de mama durante a vida podem variar de 41% a 90%. Ambos os genes codificam proteínas envolvidas na supressão tumoral. O gene BRCA1, localizado no cromossomo 17, participa do reparo do DNA e na regulação de checkpoints do ciclo celular. Já o gene BRCA2, no cromossomo 13, também está envolvido no reparo de quebras de dupla fita de DNA.
Aplicações Clínicas
O exame poderia ser integrado às sessões regulares de rastreamento para mulheres na pós-menopausa. Segundo o Professor Widschwendter, o objetivo é aplicar o teste de sangue a cada cinco anos, determinando o risco específico para cada mulher. Dependendo do risco, poderiam ser recomendadas mudanças no estilo de vida, triagens intensificadas ou, em casos de alto risco, quimioprevenção.
Perspectivas Futuras
Embora mais estudos sejam necessários para desenvolver o teste para uso clínico, Widschwendter está confiante de que a pesquisa adicional poderá ser concluída em cinco a sete anos. A pesquisa foi publicada na revista Genome Medicine e foi bem recebida por instituições filantrópicas de câncer de mama.
Atualizações Recentes
Desde a publicação original do estudo, avanços significativos foram feitos na área de rastreamento e prevenção do câncer de mama. Novas tecnologias e métodos de diagnóstico precoce continuam a emergir, aumentando as esperanças de que mais vidas possam ser salvas através da detecção precoce e intervenções preventivas. Instituições de pesquisa em todo o mundo estão colaborando para aprimorar estas ferramentas, visando a um futuro onde o câncer de mama possa ser identificado e tratado antes que se torne uma ameaça séria.
Fonte:
https://www.ucl.ac.uk/research/domains/cancer/case-studies/martin-widschwendte
https://www.express.co.uk/life-style/health/485135/Breast-cancer-test-predict-risk-10-years-ahead-and-could-save-millions-of-lives
ai/UNO