Manaus – Levar em consideração as peculiaridades dos indígenas é fundamental para analisar a educação na Amazônia Legal. A constatação é apontada pelo relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender, apresentado hoje (9), em Brasília, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
É essa parcela da população que detêm, ao lado de negros e das pessoas que vivem no campo, os piores indicadores educacionais da região. Problemas como a existência de crianças e adolescentes em idade escolar que não sabem ler e escrever e a evasão escolar são ainda mais graves para esses segmentos populacionais, segundo o Unicef.
O documento revela que 80% das 2.480 escolas indígenas do país estão localizadas nos estados da Amazônia Legal. No total, 118.223 meninas e meninos indígenas estão matriculados nos estabelecimentos de ensino da região. Eles representam 66,8% dos alunos indígenas brasileiros.
De acordo com o Unicef, o Amazonas, com 848 escolas e 54.514 estudantes, é o estado onde a educação indígena está mais presente. Nas escolas indígenas brasileiras, trabalham cerca de 10 mil professores. O Ministério da Educação (MEC) estima que, desse total, 9,1 mil (91%) sejam indígenas.
O estudo aponta que ampliar o número de professores indígenas com formação adequada constitui-se num grande desafio para garantir educação adequada às crianças e aos adolescentes desses povos. Segundo informações do relatório, com base nos dados do Censo Escolar 2005, pelo menos 10% do total de professores indígenas em atuação nessas escolas não concluíram o ensino fundamental e nunca receberam formação para atuar como professores.
A formação inicial de professores indígenas no Magistério Intercultural deve ser oferecida pelas Secretarias de estado da Educação.
“Na Região Norte, 18,4% dos docentes indígenas têm apenas o fundamental incompleto, o que evidencia a necessidade contínua de investimentos específicos na área. A região apresenta também a concentração da maioria dos alunos indígenas nas primeiras séries da educação básica”, diz o texto.
A falta de materiais e de infraestrutura adequados também explica, para o Unicef, a dificuldade em manter os alunos indígenas na escola. Somente 33% das escolas indígenas da Região Norte utilizam material didático específico.
“O uso desses recursos é fundamental para garantir uma prática de educação pautada pela interculturalidade e pela valorização dos conhecimentos e saberes próprios às comunidades indígenas”, diz o relatório.
Amanda Mota/ABr