quarta-feira, fevereiro 5, 2025

João Guilherme Sabino Ometto comenta – Entre a paz e o desemprego

Continua ruim a classificação do Brasil no Índice da Paz Mundial, que acaba de ser divulgado pelo grupo editor da revista inglesa The Economist. Avançamos cinco posições em relação a 2008, mas ainda ocupamos o desconfortável 85º lugar, num ranking de 144 nações, ficando entre Cazaquistão e Ruanda. A boa notícia é que o quadro social do País parece ter sido menos afetado do que em outros emergentes, como a Rússia, por exemplo, pelo impacto da elevação do preço de alimentos e combustíveis e o desemprego provocado pela crise financeira internacional.

O estudo elaborado pela editora inglesa, em seu terceiro ano, evidencia a relação entre a prosperidade econômica e a paz, incluindo indicadores como a criminalidade, instabilidade política e situações de conflitos e guerras. Em seu ranking de 2009 já se observam os reflexos do crash mundial de 2008. Não há dúvida de que o aumento do desemprego é ameaça potencial à pacificação dos países, à harmonia social e ao controle da violência.

Assim, são muito preocupantes as estatísticas que demonstram haver cerca de dois milhões de desempregados no Brasil. Nossa economia precisa crescer pelo menos 3% este ano para evitar o agravamento do problema. Com expansão do PIB nessa proporção, seria criado 1,2 milhão de novos postos de trabalho, atenuando o quadro.

O desafio, aliás, é global, conforme se observa na pesquisa da Eurostat, que indica ter o desemprego na zona do euro subido mais do que o esperado em abril, atingindo seu maior nível desde setembro de 1999. O crescimento de 9,2% no índice medido pela agência significa que 3,1 milhões de pessoas foram demitidas desde abril do ano passado. A triste realidade é que, somente na região, há cerca de 15 milhões de desempregados.

Há que se considerar, na análise do preocupante cenário mundial, que, além da conjuntura econômica adversa, outro fator concorre para a redução de postos de trabalho: o chamado desemprego tecnológico, causado pela automação de processos, robotização de fábricas e mecanização das colheitas no setor agrícola. Na Europa e nos Estados Unidos, a questão foi bem resolvida nos anos 80 e 90 com a assimilação de milhões de trabalhadores pelo setor de serviços, e esse processo de migração de profissionais entre as distintas cadeias produtivas continua, mesmo no contexto da crise, pois há setores que continuam crescendo.

O equilíbrio do mercado de trabalho, considerando a oferta de vagas em relação à População Economicamente Ativa (PEA), depende muito da capacidade de adaptação dos trabalhadores em áreas distintas de sua atuação de origem. Ressalta-se, desse modo, a importância da requalificação profissional e da educação continuada, inclusive em segmentos altamente geradores de emprego.

É o caso, por exemplo, do projeto "Renovação", lançado na segunda edição do Ethanol Summit, promovido em São Paulo pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), na primeira semana de junho. Trata-se de programa de requalificação anual de sete mil trabalhadores do Estado de São Paulo que atuam no plantio e corte manual da cana-de-açúcar. Com a crescente mecanização da atividade, eles receberão treinamento para desempenhar outras funções na área industrial das usinas ou fora do setor canavieiro.

Em paralelo a ações pontuais como essa do setor canavieiro, é fundamental a atuação de instituições como o Senai e o Senac, que formam, respectivamente, trabalhadores para a indústria e o comércio. A diversidade de seus cursos possibilita que os profissionais aprendam múltiplas funções e desenvolvam distintas habilidades, adquirindo melhores condições de migração setorial em momentos de crise ou quando a área em que atuam reduz o quadro em função do avanço da automação dos processos.

O enfrentamento do desemprego é prioridade na presente conjuntura de crise e também após a retomada da normalidade da economia mundial, para fazer frente à inevitável substituição da mão-de-obra decorrente do avanço tecnológico. Entre a meta da paz social e a ameaça crescente aos postos de trabalho há um imenso desafio a ser vencido pela presente civilização. A resposta, paralelamente à necessidade de se promover o crescimento sustentado da economia, encontra-se na área do conhecimento, seja na educação formal, profissional e acadêmica ou na requalificação dos trabalhadores.

*João Guilherme Sabino Ometto, engenheiro (EESC/USP), é vice-presidente da Fiesp, presidente do Grupo São Martinho e membro do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo.
 
 
Fonte: Assessoría de Imprensa

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