O Que Darwin e Freud Diriam Sobre Amor e Paixão Hoje?

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O amor e a paixão são temas que intrigam a humanidade há séculos. Se pudéssemos viajar no tempo e trazer Charles Darwin e Sigmund Freud para os dias de hoje, o que eles teriam a dizer sobre esses sentimentos à luz das descobertas modernas? Vamos explorar essa questão com base no conhecimento atual sobre as respostas cerebrais à atração sexual e ao amor romântico.

Atração Sexual e Recompensa Neuroquímica

O Papel do Cérebro na Atração Sexual

Nosso cérebro foi moldado pela evolução para associar a atração sexual a sensações de prazer intenso. Esse mecanismo garante que busquemos a perpetuação da espécie. A atração sexual desencadeia uma “tempestade” neuroquímica que inclui dopamina, ocitocina e vasopressina, neurotransmissores ligados ao sistema de recompensa do cérebro.

Fatores que Influenciam a Atração

Diversos atributos influenciam a atração sexual além dos fatores culturais. Entre eles, podemos destacar:

  • Atributos Estéticos: Beleza física é um dos fatores mais determinantes.
  • Cheiro: Feromônios desempenham um papel crucial na atração.
  • Tom de Voz: Uma voz agradável pode aumentar a atração.
  • Status Social e Financeiro: Esses fatores são frequentemente mais importantes para as mulheres.
  • Senso de Humor e Inteligência: Atraem de forma significativa tanto homens quanto mulheres.

A Influência Genética na Atração

Diferença de DNA e Atração Sexual

Quanto maior a diferença entre os DNAs de duas pessoas, maior a chance de atração sexual. Isso é explicado pelo princípio evolutivo da mistura de genes, que reduz o risco de doenças genéticas. Estudos, como o famoso experimento da camiseta suada, mostram que as mulheres preferem o cheiro de homens com DNAs diferentes dos seus.

Aversão ao Incesto

A aversão ao incesto não é apenas cultural ou religiosa; é também biológica. Nosso cérebro é programado para evitar a reprodução com familiares próximos, favorecendo a diversidade genética e a saúde dos descendentes.

O Amor Romântico e as Respostas Cerebrais

Ativação Cerebral

Os sentimentos românticos e a atração sexual ativam regiões cerebrais semelhantes, envolvendo o sistema de recompensa do cérebro. A dopamina, a ocitocina e a vasopressina são os principais neurotransmissores envolvidos.

Diferença entre Amor Romântico e Maternal

Enquanto a dopamina, a ocitocina e a vasopressina estão presentes no amor romântico, apenas a ocitocina e a vasopressina são envolvidas no amor maternal. Isso ajuda a explicar por que o amor romântico é diferente do amor materno.

O Amor é Cego

Durante a experiência do amor romântico, áreas do cérebro responsáveis pelo medo e pelo julgamento crítico, como a amígdala e o lobo frontal, são menos ativas. Isso pode explicar por que tendemos a ignorar os defeitos do parceiro quando estamos apaixonados.

Monogamia: Cultural ou Biológica?

Monogamia em Animais

Há espécies animais que preferem manter um único parceiro, mostrando comportamentos de defesa territorial e provisão de alimento. Esse vínculo duradouro, alimentado por dopamina, é visto como uma vantagem evolutiva, pois aumenta as chances de sobrevivência da prole.

Monogamia Humana

Entre os humanos, a monogamia pode ser vista tanto como uma prática cultural e religiosa quanto biológica. A dopamina não só está associada à atração sexual e ao amor romântico, mas também à formação de vínculos duradouros com o parceiro.

A Química da Monogamia

O vínculo monogâmico em humanos é reforçado pelos mesmos neurotransmissores que nos recompensam por comportamentos prazerosos, como o consumo de alimentos saborosos e a interação social.

Conclusão

Se Darwin e Freud tivessem acesso ao conhecimento neurocientífico atual, provavelmente concluiriam que o amor e a paixão são complexos produtos da evolução, moldados tanto por fatores biológicos quanto culturais. A atração sexual, o amor romântico e a monogamia têm raízes profundas em nosso cérebro, influenciados por uma intricada rede de neurotransmissores e respostas neuroquímicas.

Dr. Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico. É também titular do Blog “ConsCiência no Dia-a-Dia” www.consciencianodiaadia.com e consultor do Grupo Athena.

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