por Renato Jakitas
O governo brasileiro prepara um esquema digno de filme de ação em Hollywood para garantir que nada atrapalhe o papa Francisco em sua primeira viagem internacional desde que assumiu o comando da Igreja Católica.
O pontífice vem aí para Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro. E não vem sozinho. Chega acompanhado de uma comitiva de peregrinos e amparado por um efetivo de 15 mil militares, com direito a dois aviões e seis helicópteros dedicados exclusivamente a atendê-lo em seus deslocamentos.
Uma operação de segurança orçada em R$ 70 milhões. Mas o palpite é que essa conta cresça daqui até à prestação de contas do trabalho.
O esquema do Ministério da Defesa envolve diretamente 10.266 militares em atuação nas ruas do Rio. Outros 4 mil permanecerão em estado de alerta. Mais ou menos 7 mil homens a mais que o estimado inicialmente pelo governo.
Em seu deslocamento mais extenso dentro do Brasil – do Rio a São Paulo, onde irá visitar a catedral em homenagem a Nossa Senhora de Aparecida, santa padroeira do país – Francisco poderá optar por um entre os dois aviões presidenciais VC-2, a versão especial do Emb-190, da Embraer. O jato é de grande porte e conta com algumas regalias, como ala reservada, salão para 36 passageiros, sanitário completo, camarote privativo e área isolada para reuniões. Televisões de LED e de cristal líquido se espalham por todas as dependências.
Caso Francisco opte por uma locomoção, digamos, sem tanto luxo, ele poderá viajar de helicóptero. E o governo deixará seis deles à disposição do papa e sua comitiva. O destaque certamente fica com o Super Cougar EC-725, da Helibras, recentemente adquirido pela presidência da república.
No Rio de Janeiro, onde são esperados 10 mil ônibus fretados com peregrinos – no início falava-se em 20 mil, depois a expectativa era 15 mil e, nos últimos dias, a prefeitura parece ter batido o martelo e se conformado com 10 mil – uma operação está sendo montada com a ajuda da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Cada um destes motoristas de ônibus terá o nome e o telefone anotados. Já os veículos serão adesivados com uma identificação desenvolvida especificamente para o evento.
Somente os ônibus identificados vão ter acesso por através das barreiras montadas nas principais rodovias de chegada ao estado, como a Rodovia Presidente Dutra, e nas grandes vias de acesso à cidade, como a Avenida Brasil e Linha Vermelha. Haverá ainda a proibição de que estes ônibus cheguem à cidade nos períodos de pico da manhã e da noite.
Na última quinta-feira, 18, o responsável pela Secretaria Extraordinária para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, José Monteiro, detalhou para a imprensa brasileira como vai funcionar a operação em torno da segurança do líder da Igreja Católica. Monteiro mostrou cautela com a decisão do papa de circular pelas ruas em um veículo não blindado. Ele disse que, por isso, agentes de segurança, entre policiais federais, rodoviários federais, policiais militares, Polícia Civil, bombeiros, guardas municipais e agentes da defesa civil, vão trabalhar na área de Copacabana por ocasião da Via Sacra com a presença do Francisco.
Agentes de segurança à paisana vão se espalhar pela multidão, estimada em 2 milhões de pessoas. E eventuais revistas serão conduzidas na chegada do povo à praia. As manifestações, que ainda integram com regularidade o cotidiano do carioca, não devem ser impedidas. O papa, aliás, já até se pronunciou a esse respeito. Disse que apoia as mobilizações populares. Opinião que estremeceu os ânimos da
Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, nossa versão para a CIA ou a FSB. Os agentes secretos, que no Brasil têm o nome publicado no Diário Oficial quando aprovados no concurso público de seleção, já se manifestaram preocupados com isso e disseram que os protestos representam a principal “fonte de ameaça” à visita do pontífice ao Brasil. O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, discordou imediatamente. Para ele, “a principal segurança do papa é o entusiasmo, a tradição de paz e de fraternidade do povo brasileiro”. Que assim seja, Amém.
VOR/UNO