Brasília – Presente na cerimônia de divulgação do Relatório Mundial sobre Drogas 2009, lançado hoje (24) pelo Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (Unodc), o diretor do departamento de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal (PF), Roberto Troncon Filho, afirmou que o trabalho de repressão desenvolvido no Brasil tem como principal foco a desarticulação das grandes quadrilhas que atuam no mercado ilícito. O crescimento das apreensões, também verificado no país, fica em segundo plano.
“Não nos move como objetivo principal a apreensão das drogas. Estamos tentando fazer a desarticulação das organizações que exploram esse comércio. Importantes líderes colombianos foram recentemente detidos e processados criminalmente no Brasil por lavagem de dinheiro. Queremos tornar o Brasil um território hostil para esses grupos”, afrimou Troncon. “O foco é aniquilar o 'peixe grande'”, acrescentou.
Em 2008, a PF também desarticulou o primeiro laboratório clandestino de ecstasy do país, no Paraná. Além disso, prendeu, este ano, 55 pessoas integrantes de uma quadrilha internacional de drogas que levava cocaína da América do Sul para a Europa e trazia ecstasy a ser vendido no Brasil.
Troncon ressaltou que o Brasil já firmou acordos de cooperação com países vizinhos como a Bolívia e o Paraguai para uma melhor capacitação das forças repressivas e planejamento de ações conjuntas de combate ao tráfico.
O relatório da ONU coloca a América do Sul como responsável por 45% do total mundial de apreensões de cocaína, sendo a Venezuela e o Brasil países de trânsito importantes para o tráfico destinado à Europa.
As apreensões de cocaína no Brasil subiram de 18,5 toneladas em 2007 para 20 toneladas em 2008. Segundo a ONU, o Brasil também é o maior mercado de cocaína da América do Sul em números absolutos, estimado em 890 mil pessoas ou 0,7% da população entre 12 e 65 anos.
O aumento do consumo detectado pela ONU na América do Sul é mais um indicador, segundo a PF, que desaconselha uma eventual legalização das drogas.
“Nossa experiência tem demonstrado que uma eventual liberação estimularia o consumo e não eliminaria a produção ilícita e exploração por organizações criminosas. Ajustes na política de repressão e de redução de demanda devem acontecer, mas as drogas devem permanecer ilícitas. Temos que conscientizar a sociedade e combater sem trégua os grupos criminosos”, defendeu Troncon.
Fonte: Marco Antônio Soalheiro/ABr