Brasília – O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), voltou a negar hoje (22) que conhecia a existência de atos que não eram publicados. Após discurso do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que pediu para que ele rompa com o ex-diretor-geral Agaciel Maia, Sarney prometeu que todos envolvidos em irregularidades serão punidos.
Assim como na última terça-feira (16), quando subiu à tribuna para se defender das denúncias de que teria usado os atos secretos para nomear parentes, Sarney voltou a lembrar que, desde que assumiu a presidência do Senado pela terceira vez, há quatro meses, tomou uma série de medidas para tentar conter as sucessivas crises da instituição.
“Com os inquéritos, com as auditorias, temos feito tudo que é possível nesse breve tempo, e estou apenas aguardando o senador Heráclito Fortes [DEM-PI] chegar aqui [amanhã] para que a gente possa, então, tomar as medidas relativas ao resultado que foi obtido na abertura do processo sobre o que se chamou atos secretos desta Casa”, afirmou Sarney.
“Então, estamos caminhando nessa direção e ninguém vai, de qualquer maneira, pôr a mão ou evitar que qualquer um seja punido como deve ser punido”, prometeu Sarney, em resposta ao discurso de Arthur Virgílio.
Mesmo em uma segunda-feira, em que não é comum estar na presidência, Sarney chegou ao plenário do Senado por voltas das 15h para ouvir o discurso do líder tucano. Presidiu a sessão até pouco mais das 19h e ouviu o pronunciamento de vários senadores que cobraram pressa na solução dos problemas da instituição, inclusive sua licença.
O presidente do Senado também negou que tenha motorista particular pago com recursos do Senado e disse ser vítima de “insultos e de calúnias”. “O Senado nunca pagou nenhum mordomo, como todos os senadores aqui são alvos, como os outros todos foram, de insultos, de calúnias. Mas, a senadora Roseana [Sarney] não tem mordomo em casa. O sr. Amauri é chofer do Senado há 25 anos. Trabalhou no gabinete do senador Alexandre Costa, trabalhou no gabinete do senador Lourival Batista, trabalhou na garagem do Senado e é um funcionário de 25 anos de Casa. Nunca teve nenhuma coisa dessa natureza”, afirmou Sarney.
Sarney também explicou como se deu a nomeação do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia para o cargo, há 14 anos. Segundo ele, na primeira vez em que foi presidente do Senado recebeu um abaixo-assinado dos demais senadores pedindo a nomeação de Agaciel para a função. Nas legislaturas seguintes, os presidentes mantiveram o funcionário no cargo.
“Na primeira vez em que fui presidente desta Casa, convidei para diretor-geral do Senado o senhor Dupeyrat [Alexandre de Paula Dupeyrat Martins], que era um dos melhores funcionários desta Casa. Ele tinha sido ministro do presidente Itamar Franco e ficou como meu diretor durante oito meses. Depois que ele saiu, por vontade própria, apesar da minha insistência para que ficasse, recebi um abaixo-assinado de quase todos os senadores, pedindo que nomeasse diretor o Agaciel Maia, que então era diretor da Gráfica do Senado”, afirmou Sarney.
“Conhecia muito pouco o Agaciel Maia. Fui presidente somente por dois anos. Depois, fui sucedido por vários outros presidentes que o mantiveram e agora estou na presidência há quatro meses”, completou o Sarney, minimizando sua responsabilidade pela permanência de Agaciel por quase uma década e meia na direção-geral do Senado.
Ivan Richard/ABr