Tipo de câncer de pele é o mais agressivo em pessoa de pele negra. Este é o resultado de uma pesquisa publicada na revista científica Archives of Dermatology.
Florianópolis – A pesquisa revelou que as pessoas de pele negra podem desenvolver com maior intensidade a forma mais grave do câncer da pele, o melanoma acral ou das extremidades – como é chamado popularmente. Este tipo de câncer atinge braços e pernas e é o menos frequente entre os melanomas (de 2 a 8% dos casos de câncer de pele), no entanto, é o mais comum entre as pessoas de pele escura ou étnicas.
O assunto foi discutido no XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, em Uberlândia, Minas Gerais, e reúne mais de 1500 dermatologistas do Brasil e do exterior.
A pesquisa do Programa Nacional do Câncer de Pele nos Estados Unidos acompanhou 1413 pacientes de 17 centros de oncologia daquele país, num período de quase vinte anos, entre 1986 e 2005. Em comum os pacientes apresentavam o mesmo diagnóstico de melanoma acral. Foram avaliadas a incidência e a taxa de sobrevida dos pacientes.
De acordo com a pesquisa, a proporção de melanoma acrolentiginoso em relação aos demais subtipos de melanomas foi maior entre os negros: 36% dos pesquisados apresentavam o problema.
“As taxas de sobrevida média nos casos de melanoma – Câncer de Pele – de extremidades, em 5 e 10 anos, foram de 80,3% e 67,5% respectivamente. Nos negros a taxa de sobrevivência em 5 e 10 anos foi menor (77,2% e 71,5%) que nos indivíduos caucasianos ou brancos hispânicos”, explica o Dr Aldo Toschi, conselheiro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e coordenador de Dermatologia do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer. Os brancos hispânicos (72.8% e 57.3%) e asiáticos (70, 2% e 54,1%) também evoluem pior que as pessoas de pele clara e têm piores taxas em períodos de 5 e 10 anos, respectivamente
Os negros representam 10% dos casos de melanoma, a localização mais comum é nas extremidades das mãos, região plantar e sob as unhas. Os primeiros sinais surgem com manchas que progridem até 2 a 3 cms, de cor castanho-enegrecida e bordas irregulares. O período de evolução é de aproximadamente 2 anos e meio quando surgem elevações e nódulos. O maior problema nos melanomas é falta do diagnóstico precoce; uma vez que não existe tratamento radio, quimioterapia ou imunoterápico eficiente. A cirurgia feita de modo correto e precoce é ainda o melhor tratamento.
“O assunto foi tema recente da VII Conferência Mundial de melanoma, que aconteceu em Viena, na Áustria. Dermatologistas de Washington relataram características de melanoma entre negros semelhantes às do Brasil. Nossos indices de sobrevida em 5 anos é de menos de 50% dos indivíduos acometidos, pois aqui diagnóstico é feito nas fases avançadas da doença “, explica Dr Mauro Enokihara, presidente do Grupo Brasileiro de Melanoma.
O melanoma é mais comum nas pessoas de pele, olhos e cabelos claros, com muitas pintas e em famílias que já tiveram melanoma, predominantemente no tronco dos homens e pernas das mulheres, com história de queimadura solar na infância ou exagero na exposição solar de forma intermitente, mais comum entre os 40 e 50 anos, sendo o maior problema, apesar de ser de 4 a 5% dos cânceres de pele, o alto índice de mortalidade
O diagnóstico precoce do Câncer pode salvar vidas
A dermatoscopia e o mapeamento corporal das lesões pigmentadas é a forma de se descobrir a doença precocemente. O dermatologista pode estudar as pintas e manchas em detalhes e seguir a sua evolução .
“O meio mais moderno e considerado ideal para a detecção precoce do melanoma é o exame dermatoscópico. Estruturas presentes nas pintas são identificadas e classificadas de acordo com seus padrões como mais ou menos sujeitas a transformação para câncer “, explica o Dr. Aldo Toschi, da SBCD e do IBCC.
“Nos últimos anos cresceu muito, em todo o mundo, o número de dermatologistas habilitados a realizar esse exame que se populariza em função de sua grande sensibilidade em detectar lesões precursoras e especificidade na detecção das malignas ” , declara o Dr. Maurício Mendonça, especialista da SBCD e da UNIFESP.
O mapeamento corporal é um exame onde são coletadas imagens de lesões suspeitas e é feito uma associação á fotografia da área do corpo em que elas se situam. ” Assim podemos checar a localização, o tamanho das lesões, as características de cada uma e sua evolução ao longo do tempo “, co nclui o Dr. Francisco Paschoal, da SBCD e da Faculdade de medicina do ABC.
O que é a SBCD
Fundada em 1988, a SBCD, tem como premissas o incentivo ao ensino, estudo, aprimoramento e pesquisa na área de cirurgia dermatológica e procedimentos afins. Nossos associados são obrigatoriamente médicos especialistas em dermatologista. O exame para obtenção do título é realizado através em rigoroso concurso promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia que conta com duas etapas de prova teóricas, seguido de exame prático e prova oral. Deste modo, o conhecimento clínico da fisiologia da pele e de suas patologias, soma-se ao tratamento cirúrgico e cosmiátrico, dando mais segurança e benefícios aos pacientes tratados. Mais informações, no site www.sbcd.org.br .
Mauro Queiroz
UNOPress