O anúncio oficial de que a senadora Marina da Silva se filiou ao PV para concorrer à Presidência da República nas eleições de 2010 repercutiu em toda a imprensa nacional e provocou agitação entre todas as outras legendas partidárias, entre elas o PT, que tem como provável candidata à sucessão de Lula a ministra Dilma Rousseff. Soninha Francine, do PPS, também já se declarou candidata ao governo do Estado de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, nas próximas eleições. Tudo isso é uma clara demonstração de que as mulheres estão cada vez mais interessadas e participando ativamente do cenário político brasileiro.
Porém, as mulheres ainda são minoria na política. Na comparação com outros países, o Brasil tem um dos piores índices de representação feminina no poder público, de acordo com a entidade União Interparlamentar. Temos hoje em atuação no país 11 senadoras, 45 deputadas federais, 106 deputadas estaduais, 3 governadoras e 503 prefeitas, além de algumas centenas de vereadoras espalhadas pelas câmaras dos 5.564 municípios brasileiros. No Estado de São Paulo, são 11 mulheres deputadas e 52 prefeitas. São números expressivos, mas ainda muito pobres em termos de representatividade. Afinal, as mulheres são 52% da população, ou 99,8 milhões do total de 191,5 milhões de brasileiros.
Há meios de mudar essa realidade, mas é necessário que haja também um esforço maior por parte do público feminino para que isso aconteça. Embora os partidos tenham de reservar 30% de suas vagas para representantes femininas, não existe no país qualquer controle ou punição para quem não cumpre sua cota e essas vagas nem sempre são ocupadas por quem deveria. Ou seja, a participação das mulheres ainda fica restrita à própria vontade delas de participar ou não da vida pública.
Para que o envolvimento das mulheres seja ampliado, sabemos que é preciso uma mudança cultural, um processo que demanda tempo de maturação. Mas é preciso também reconhecer que nem sempre o comportamento das pessoas ocorre de maneira voluntária e na velocidade pretendida. Um exemplo disso é o direito ao voto, que as mulheres conquistaram em 1932, mas que foi pouco exercido até tornar-se obrigatório, em 1946. No entanto, agora não podemos nem devemos esperar que se torne obrigatória uma representação feminina mais expressiva no poder. Já é tempo de as mulheres se conscientizarem plenamente de que é necessária e indispensável a sua palavra nas decisões políticas tomadas de norte a sul do país.
Para começar a praticar sua vida política, a mulher pode, por exemplo, buscar mais tempo para se dedicar a atividades em sua comunidade, no bairro onde mora, no seu trabalho ou até mesmo na escola onde seus filhos estudam. A partir dessas iniciativas é que a mulher, naturalmente e seguindo seu próprio ritmo, pode ser induzida a abraçar a atividade política. Precisamos ampliar esses índices de participação, pois no momento eles ainda não colocam na esperada evidência o perfil aguerrido das brasileiras.
*Vanessa Damo foi eleita vereadora em Mauá aos 24 anos e hoje, aos 28 anos, é a deputada eleita mais jovem na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
Fonte: Assessoría de Imprensa